Egito quer Mediação da ONU para Interromper Obras em Jerusalém

O Egito pediu neste sábado às Nações Unidas e a Organização da Conferência Islâmica (OCI) que reajam rapidamente às polêmicas obras realizadas por Israel aos pés da Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, informou uma fonte diplomática. 


"O Egito pediu à ONU e à OCI uma reação rápida para acabar com os trabalhos executados pela autoridade da ocupação israelense, que colocam em risco a mesquita de Al Aqsa", afirmou a mesma fonte. As obras que Israel iniciou perto da Esplanada das Mesquitas, na cidade velha de Jerusalém, vêm há dias causando protestos no mundo islâmico, que considera a reforma uma ameaça a alguns dos lugares mais sagrados para os muçulmanos.

Vista aérea do Domo da Rocha, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém
O ministro egípcio das Relações Exteriores, Ahmed Abul Gheit, escreveu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao líder da OCI, Ekmeleddin Ihsanoglu, para solicitar "que assumam suas responsabilidades no tema". 

Abul Gheit pediu uma reunião urgente dos países árabes e muçulmanos na ONU para buscar os meios e reagir em conjunto e de maneira forte à situação, por considerar que as práticas israelenses têm um impacto negativo sobre os esforços que pretendem reimpulsionar o processo de paz no Oriente Médio. 


O Egito também pede o envio de uma equipe da Unesco a Jerusalém para estabelecer a verdade sobre os trabalhos e as violações do direito internacional que representam, segundo o ministro. 


Polêmica

O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, acusou Israel neste sábado de tentar alterar as características de Jerusalém com a obra que vem realizando perto da Esplanada das Mesquitas e pediu à comunidade internacional que interceda para interromper os trabalho.


"Há planos de mudar as características da cidade", disse Moussa, em um comunicado. Sem entrar em detalhes, Moussa disse que a obra reflete as "tentativas de Israel" de aumentar o controle sobre a cidade. "As violações de Israel estão provocando ira entre os palestinos e no mundo árabe e islâmico, o que ameaça a segurança e a estabilidade da região."


O assessor da presidência da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Nabil Shaath, também acusou Israel de tentar destruir o local sagrado islâmico.


Manifestantes realizaram protestos ontem, e voltaram às ruas neste sábado, devido às escavações que estão sendo feitas fora da Esplanada das Mesquitas para a reconstrução de uma rampa de acesso que estava desabando. 


A Esplanada das Mesquitas, onde ficam os templos islâmicos de Al Aqsa e do Domo da Rocha, é considerada pelos muçulmanos o terceiro lugar mais sagrado do mundo, depois de Meca e Medina. De acordo com a tradição muçulmana, trata-se do local de onde o profeta Maomé subiu aos céus.


Os judeus chamam o local de Monte do Templo, ou Monte Moriá, onde ficava o antigo templo destruído pelos romanos em 70 d.C. e Abraão sacrificaria seu filho, poupado por Deus.