Arqueólogos descobrem fábrica de vinho de Noé.
>> segunda-feira, 26 de setembro de 2011 –
ARQUEOLOGIA
Arqueólogos descobrem fábrica de vinho em área próxima onde Noé cultivou uvas após o Dilúvio
Figura 1. Primeiro centro de vinificação conhecido, situado em uma caverna na Armênia, próximo à fronteira sul com o Irã (Fonte: BibArch).
Em um recente artigo no Journal of Archaeological Science, arqueólogos, a partir de uma expedição conjunta entre armenios, americanos e irlandeses, anunciaram a descoberta do primeiro centro de operação de vinificação conhecido em uma caverna perto da fronteira sul da Armênia com o Irã. Este sítio encontra-se bem preservado graças a temperatura seca e a uma cama de fezes de ovelhas que acabou protegendo os artefatos. O mais interessante é que este achado fica a apenas 97 km de distância do Monte Ararat na Turquia, local onde o relato histórico-bíblico da vida de Noé relata que seu barco repousou quando as águas daquela catástrofe global baixaram.
É possível supor, portanto, que Noé foi o primeiro fabricante de vinho na era pós-diluviana.
“Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha” (Gênesis 9:20).
A palavra hebraica utilizada no verso acima é כּרם (kerem) que significa literalmente atividade de campo com videiras. O relato acima, infelizmente, levou a uma história triste que demonstra a realidade do ser humano quando, mesmo num simples descuido, se afasta de Deus, a famosa nudez de Noé quando estava embrigado.
“Bebendo vinho, embriagou-se e se pôs nu dentro de sua tenda” (Gênesis 9:21).
A palavra original utilizada para vinho acima dá a entender que não era simplesmente o suco da uva, mas o suco da uva acrescentado de um processo de fermentação, tornando-o alcoólico. Tanto que, a palavra embriagado (heb: shâkar) remete a uma pessoa que saciou-se com bebida estimulante e a consumiu em abundância permitindo sua influência.
E embora muitos acadêmicos possam ser tentados a negar a historicidade das vinhas de Noé, a descoberta de evidências arqueológicas nas proximidades da mesma área onde a Bíblia registra que Noé também exerceu as mesmas atividades pode não ser tanta coincidência assim.
A mais antiga unidade de produção de vinho jamais encontrada tem cerca de 6 mil anos. Ela foi desvendada na Armênia segundo noticiou o diário de Paris “Le Monde”.
Os arqueólogos até identificaram a safra de vinho tinto seco ali produzida, utilizando técnicas bioquímicas. A descoberta foi publicada na revista científica Journal of Archaeological Science.
O estudo foi realizado em conjunto por órgãos acadêmicos e científicos dos Estados Unidos, Irlanda e Armênia.
“Essa é a mais antiga instalação para fabricação de vinho já conhecida no mundo”, explicou Gregory Areshian, responsável pelos trabalhos e vice-diretor do Instituto de Arqueologia Cotsen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA).
Cavernas de Areni, Armênia, local da descoberta
As escavações foram feitas num complexo de cavernas, conhecido como Areni-1, na província armênia de Vayots Dzor, Pequeno Cáucaso, perto da fronteira da Armênia com o Irã. O vinho se destinava para o culto.
Perto de uma prensa de vinho foi também identificada uma videira desidratada, cultivada em torno de 4.000 a.C.
A mais antiga produção vinícola até então conhecida era a encontrada no túmulo do rei egípcio Scorpion I, antiga de 5.100 anos.
Na mesma caverna da Armênia, a equipe desenterrou em 2009 o sapato de couro mais antigo do mundo, com aproximadamente 5.500 anos.
As uvas eram esmagadas numa bacia de argila rasa com cerca de 1 metro de diâmetro. Em volta dela foram recolhidas sementes e uvas secas. O suco era obtido pisando descalço sobre as frutas, disse Areshian.
Foram recolhidos equipamentos de cobre para processar o vinho, vasos impregnados do vinho e até uma taça e um bol.
“Essa foi uma instalação relativamente pequena, relacionada a um ritual dentro da caverna. Para o consumo diário, os moradores teriam prensas muito maiores em estabelecimentos normais”, acrescentou Areshian, que também foi primeiro-ministro adjunto do primeiro governo da República da Armênia independente, em 1991.
Na região dessas cavernas a cultura do vinho é muito antiga e são produzidos bons vinhos tintos das cepas Merlot e Cabernet Sauvignon.
Patrick McGovern, diretor científico do Laboratório de Arqueologia Biomolecular do Museu da Universidade de Pensilvânia, e autor de livros sobre a origem do vinho, mostrou que o tipo de semente recolhida —Vitis vinifera vinifera — continua sendo aproveitada na região.
McGovern lembrou que “até nas regiões baixas como o antigo Egito onde reinava a cerveja, se exigia vinhos especiais nos oferecimentos funerários; e grandes volumes de vinho eram consumidos nas maiores festas religiosas e reais”.
Num livro, McGovern defende que a “cultura do vinho” se desenvolveu primeiro nas regiões montanhosas da Armênia, a partir das quais se espalhou para as planícies do sul, e posteriormente para o mundo todo.
A descoberta arqueológica sugere uma interessante aproximação.
Provavelmente, ali também teria acontecido o fato descrito na Bíblia em que Noé bebeu do vinho e perdeu os sentidos.
Esta nova descoberta fornece um apoio científico colateral ao relato bíblico.
Aproximação ou apoio colateral não é prova linear, mas ajuda a compor o quadro do acontecimento histórico. E, nesse sentido, fala em favor dos fatos narrados na Bíblia.
O fato de a outra fábrica de vinho mais antiga se encontrar no Egito, mil anos mais nova, nos leva a perguntar se nesse milênio ‒ quer dizer entre o ano 6.000 a.C. da fábrica de vinho armênia e 5.100 a.C. da egípcia ‒ não teria acontecido a dispersão dos povos.
Após a dispersão dos povos, estes teriam partido levando os conhecimentos que eram comuns a todos eles. O fabrico e consumo do vinho, entre eles.
Entretanto, a datação do dilúvio, referência histórica anterior a Babel, e a dispersão apresentam dificuldades que tomariam o espaço de outro post. A existência e as características do dilúvio são as mais universais das tradições recolhidas nos povos mais afastados, inclusive entre os índios do Brasil.