Fracassos na Família de Jacó
>> terça-feira, 20 de março de 2012 –
ESTUDOS
A família de Jacó continua sendo uma fonte de grande sofrimento nesse período de sua vida. Primeiro, há o escândalo envolvendo sua filha Dina. Depois que Hamor, o heveu, desonra a moça, Simeão e Levi, irmãos de Dina, atacam a cidade de Hamor e massacram todos os homens.
Em seguida, a família de Jacó passa por grande sofrimento pessoal. Depois de retornar a Betel, Débora, a ama da mãe de Jacó, morre. Essa perda é seguida da trágica morte de Raquel, que ocorre ao dar à luz Benjamim. Depois, o pai de Jacó, Isaque, morre. Para tornar as coisas ainda piores, durante esse período, Rúben, o filho mais velho de Jacó, dorme com Bila, a concubina de seu pai, que era mãe de dois meio-irmãos de Ruben: Dã e Naftali.
As desgraças da família de Jacó apenas se intensificam quando ele demonstra evidente favoritismo por seu filho José, inflamando intenso ciúme entre os irmãos. E o sonho de que um dia os irmãos de José se curvariam perante ele apenas estimula uma inveja infernal. Essa rivalidade cresce até que os irmãos de José o traem, vendendo-o para certos mercadores. Depois, os filhos de Jacó enganam o pai trazendo o casaco de José coberto de sangue, insinuando que José tinha sido morto. Há uma grande ironia nesse ato, pois agora Jacó é enganado de forma semelhante à que havia usado para tapear seu pai. Sem dúvida, há muita coisa nesta história que deixaria perplexos até mesmo terapeutas familiares profissionais.
II. ENSINANDO A HISTÓRIA
A Bíblia dá esta promessa aos jovens: “Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer ao seu pai e à sua mãe, pois isso é certo. Como dizem as Escrituras: ‘Respeite o seu pai e a sua mãe’. E esse é o primeiro mandamento que tem uma promessa, a qual é: ‘Faça isso a fim de que tudo corra bem para você, e você viva muito tempo na terra.’” Efésios 6:1-3. Na lição desta semana, observamos uma família que deixou de seguir esse conselho. Nosso estudo retrata uma família tão desestruturada que mereceria seu próprio programa de TV (semelhante a Casos de Família!). Isso nos leva de volta a uma época em que a maioria dos casamentos era arranjado; porém, muitos dos fatores que desestruturaram a família de Jacó prevalecem da mesma forma ainda hoje.
Apresentando o Contexto e o Cenário
Aqui estão algumas descobertas culturais que esclarecem as principais histórias de Gênesis 34-37:
Dina e a Pressão de Grupo – Em sua abordagem da história do estupro de Dina, Josefo, historiador judeu do primeiro século, menciona o antigo costume que as moças de Siquém tinham de participar em festividades licenciosas. Dina, que, segundo os estudiosos, devia ter uns 15 anos de idade na época do incidente, provavelmente tinha o hábito de andar com as mulheres siquemitas. “Dina tinha curiosidade de conhecer os hábitos e costumes do povo circunvizinho. Isso a levou a uma intimidade imprudente com eles, que terminou em sua desgraça. Ela se colocou em perigo quando procurou se ver livre do controle e da supervisão paterna, menosprezando a admoestação quanto a permanecer longe dos idólatras e de seus maus hábitos.”
– . Nos tempos antigos, assim como hoje, a pressão de grupo é uma importante questão para os adolescentes.
“As más companhias corrompem os bons costumes.” 1 Coríntios 15:33.
Jacó Como Pai – Há vários indícios no texto de que Jacó era passivo demais em seu papel de pai e líder espiritual de sua família.
Por exemplo, quando Jacó soube que Rúben tinha cometido incesto com Bila, mãe de dois dos meio-irmãos de Rúben, Jacó não confrontou o pecado. Note que, em Gênesis 35:22 e 23, quando o escritor revela esse sórdido caso amoroso, ele de repente suspende a história e continua com a lista dos nomes dos doze filhos de Jacó. Um outro exemplo da passividade de Jacó está registrado em Gênesis 34, quando ele deixa de tomar uma atitude após sua filha ser estuprada. Conhecendo esse defeito de caráter de Jacó, fica mais fácil explicar a farsa, a raiva e o ciúme descontrolado que envenenaram os filhos de Jacó – todos esses atributos foram moldados pelo pai.
O Casaco Colorido de José – O estudioso do Antigo Testamento H. C. Leupold ressalta que o casaco colorido de José era com mangas e ia até o tornozelo. Essa conclusão se baseia na palavra hebraica passeem, usada para descrever o casaco de José, que significa “tornozelo” ou “punho”. Considerando as implicações da afirmação de Leupold, constatamos que era uma vestimenta da nobreza. Não era uma roupa que costumava ser usada pela classe trabalhadora.
As vestes dos trabalhadores naqueles dias consistiam de uma túnica curta e sem mangas.
Esse traje permitia ao trabalhador movimentar livremente seus braços e pernas.
Vestindo José com uma “túnica ricamente ornamentada”, Jacó estava dizendo: “Você pode usar essa linda vestimenta porque você não precisa trabalhar como seus irmãos.”
Resumo
Embora as famílias tenham mudado através dos anos, em muitos sentidos elas continuam iguais. A família de Jacó viveu mais de 4.000 anos atrás. Apesar de a cultura ter mudado, algumas das falhas morais e dos desafios de relacionamento predominantes na família de Jacó ainda são comuns hoje.
A partir da experiência de Jacó, é importante lembrar estes princípios:
• As consequências do pecado podem afligir uma família por várias gerações.
• O pecado deve ser confrontado na família. Ignorar problemas apenas os torna maiores.
• A pressão de grupo e as amizades externas à família têm grande potencial para o bem ou para o mal.
• Se deixadas sem ser reprimidas, as rivalidades, a inveja e a raiva podem destruir uma família.
• Você foi criado para viver em comunidade. Essa é uma condição inegociável para se prosperar como ser humano.
• Deus pode trazer graça e cura, mesmo para as famílias mais terríveis e desestruturadas.