Escavações põem à luz as minas de cobre do rei Salomão
>> segunda-feira, 17 de setembro de 2012 –
ARQUEOLOGIA
O Prof. Thomas Levy (foto) arqueólogo da Universidade da Califórnia – San Diego encontrou as provas da existência das famosas “minas de cobre de Salomão”.
A descoberta de uma mina de cobre na Jordânia pode ser ser uma indicação da existência do personagem bíblico Rei Salomão, segundo arqueólogos.
Tais minas exploradas pelo rei-profeta David e seu filho o rei Salomão, segundo o relato bíblico encontravam-se no reino de Edom, ao sul do Jordão.
O Prof. Levy dirigiu uma equipe internacional de arqueólogos que publicaram uma matéria sobre a descoberta em The Proceedings of the National Academy of Sciences dos EUA em 28/10/2008.
Ele anunciou que apresentaria ainda mais revelações numa reunião no 18 de fevereiro próximo (2009) no Social Sciences Supper Club, da sua Universidade.
A escavação vem sendo conduzida em Khirbat en Nahas, um antigo centro de produção de "cobre" (mancha escura destacada) ao sul do Mar Morto, desde 1997.
Através de testes de radiocarbono, os cientistas constataram a existência de minas de cobre em uma região e época que coincidem com descrições feitas no Velho Testamento.
Até essa descoberta, acreditava-se que a extração e o aproveitamento do cobre só começaram a existir na Jordânia depois do século 7 a.C., ou seja, 300 anos depois da suposta existência do rei.
Junto com Mohammad Najjar, dos Jordan's Friends of Archeology, o arqueólogo escavou um antigo centro de produção de cobre em Khirbat en-Nahas (que significa “ruínas de cobre” em árabe).
Restos das fundições
As amostras ali encontradas passaram por testes de radiocarbono. Estes lhes atribuíram uma antiguidade que remonta ao século X antes de Cristo.
Nisto concordam com a narração bíblica que põe nessa época os reinados de David e Salomão.
A pesquisa apontou também um crescimento da atividade metalúrgica no local durante o século IX antes de Cristo, fato que concorda com o que o Antigo Testamento nos fala dos edomitas.
Khirbat en-Nahas encontra-se no local que a Bíblia identifica como Reino de Edom, um feudo do antigo Reino de Israel.
Escavações confirmam historicidade das narrações da Bíblia
De fato, já nos anos ’30 do século passado, o arqueólogo americano Nelson Glueck declarou ter descoberto as “minas de Salomão” na região.
Mas os seus achados foram menosprezados com a alegação de que a Bíblia teria sido “pesadamente re-escrita” no século V antes de Nosso Senhor.
Este argumento não era estritamente científico e estava viciado de preconceito anti-cristão, mas pegou, tão forte estava a animadversão anti-católica.
“Agora”, diz Levy, “nos temos a evidência de que complexas sociedades estiveram ativas nos séculos X e IX antes de Cristo, e isto nos conduz ao debate sobre a historicidade das narrações da Bíblia”.
Excavações em Khirbat en-Nahas confirmam historicidade da Bíblia
A jazida arqueológica de Khirbat en-Nahas inclui por volta de 100 prédios (foto ao lado) – inclusive uma fortaleza – colocados no centro de uma vasta área que pode ser vista claramente em Google Earth. Há minas e trilhas de mineração em abundância.
Uma prova adicional foi fornecida por objetos egípcios trazidos à luz no local. Ditos objetos ‒ um escarabeu e um amuleto ‒ foram achados numa camada geológica que corresponde à brusca interrupção da produção.
Esse conjunto de indícios aponta para a bem documentada invasão militar do Faraó Sesac que tentou destruir a atividade econômica da região após a morte de Salomão.
Salomão com muitas mulheres que o levaram à perdição.
Manuscrito da Spencer Collection, Ms 002.
O segundo livro das Crônicas (12; 1-12) fala abundantemente dessa guerra, como punição ao relaxamento do povo judeu na prática dos Mandamentos.
O Prof. Levy partilha certo ceticismo com respeito aos Livros Revelados, porém teve que ceder ante a evidência científica:
“Não podemos acreditar em tudo o que nos dizem os antigos livros, porém esta descoberta mostra uma confluência entre os dados arqueológicos e científicos e a Bíblia”, declarou ele ao “The Jerusalém Post”.
“A pesquisa apresenta dados científicos que confirmam o que está escrito na Bíblia”, afirmou à BBC Brasil um dos líderes do grupo de arqueólogos, Mohammad Najjar, da instituição jordaniana Friends of Archaeology & Heritage, que conduziu o projeto em parceria com a universidade americana de San Diego.
“Foi uma surpresa, não esperávamos encontrar tantos artefatos de metal produzidos antes do século 7 a.C.”, disse Najjar.
“Não é possível dizer com certeza se as minas encontradas são mesmo as do rei Salomão, mas neste momento, as possibilidades de ele ter existido aumentaram bastante.”
“O que se sabe, indiscutivelmente, é que o povo edomita – descendentes de Esaú, segundo a tradição hebraica – praticava a metalurgia na época indicada pela Bíblia, muito antes do que se pensava”, disse.
A escavação vem sendo conduzida em Khirbat en Nahas, um antigo centro de produção de cobre ao sul do Mar Morto, desde 1997.
Ilustração: Rei Salomão supervisiona a construção do templo em Jerusalém
Lendas
Segundo o Velho Testamento da Bíblia cristã (que utiliza escrituras judaicas, o Tanakh), o rei Salomão teria unido os reinos hebreus de Israel e Judá por 30 anos, cerca de 1000 a.C..
Segundo a Bíblia, Salomão teria sido o terceiro rei dos hebreus, depois de Saul e Davi, e seu reinado, um período de fartura.
No entanto, não existiam evidências de sua existência ou de um reino que dominasse conhecimentos de metalurgia à época naquela região.
As lendas em torno do personagem cresceram no século 19, quando o inglês Henry Ridder Haggard publicou seu romance de ficção As Minas do Rei Salomão, que popularizou o mito em torno dos segredos de supostas minas com tesouros em ouro, diamante e marfim.