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ARQUEOLOGIA DA CIDADE DE NAZARÉ



Pouco se sabe sobre Nazaré, não é mencionada em nenhum lugar do Antigo Testamento. A frase: Ele será chamado Nazareno (Mt 2.23), exatamente assim não é encontrada no Velho Testamento, e provavelmente se referem a várias prefigurações ou predições dos profetas de que o Messias seria desprezado (Sl 22.6; Is 53.3), pois nos dias de Jesus, “Nazareno” era como um sinônimo de “desprezado” (Jo 1.45-46).

Nazaré é a cidade onde viveram Maria e José, e foi também a cidade onde Jesus residiu até sua revelação como o prometido Messias de Israel, na idade de 30 anos. Hoje a cidade está parcialmente isolada nas montanhas, na metade do caminho entre o Mediterrâneo e o mar da Galiléia. Fica perto da frequentada estrada entre o Egito e a Mesopotâmia. Ali sem dúvida alguma, Jesus viu passar caravanas de muitas nacionalidades.


A Igreja da Anunciação, que tradicionalmente assinala o lugar onde morava a Virgem Maria, foi edificada sobre os alicerces de uma igreja que havia sido erguida pelos cruzados no século 12. Debaixo da nave havia uma capela, na qual se encontra a inscrição latina: “Aqui o Verbo se fez carne” (Jo 1.14)).




O lugar mais autêntico de Nazaré que tem relação com a sagrada família é o Poço da Virgem, o qual tem sido sempre o único local onde tem existido água. A verdadeira fonte de água é um manancial nas ladeiras, localizado a quase um quilometro e meio da fora cidade, um conduto leva a água até este poço coberto. Provavelmente Maria vinha a este poço com o tradicional cântaro de água sobre a cabeça, e quem sabe, algumas vezes acompanhada do filho Jesus.


Há em Nazaré um notável precipício, perpendicular, com 12 a 15 metros de altura, que deve ser o local onde os enfurecidos conterrâneos de Jesus o levaram para dali o jogarem (Lc 4.29). A vista que se descortina do cume de Neby Ismael, um dos montes por detrás da cidade, é muito bela.

Nazaré é hoje Em-Nasirah, uma cidade fechada entre montes rochosos e estéreis, formando o espinhaço meridional do Líbano, que termina na planície de Esdrelom.

Desde o tempo de Eusébio de Cesaréia até o século XX especula-se que a etimologia de Nazaré deriva de netser, um "ramo" ou "broto", enquanto o Evangelho de Felipe (apócrifo) deriva o nome de nazara, que significa "verdade".[3] Há ainda especulações e indícios bíblicos de que nazareno, significando "da vila de Nazaré", era confundido com "nazireu", que significava um judeu "separado", que fez um voto de silêncio.

História antiga e evidência arqueológica
A pesquisa arqueológica revelou um centro funerário e religioso em Kfar HaHoresh, a cerca de duas milhas de Nazaré, datado como tendo aproximadamente 9 000 anos (correspondendo ao período que é conhecido como Neolítico pré-cerâmica B). Os restos de 65 indivíduos foram encontrados, enterrados sob imensas estruturas horizontais de pedra, algumas das quais chegam a 3 toneladas de gesso branco produzido no próprio local. Caveiras humanas ornamentadas que foram descobertas no local levaram os arqueólogos a acreditar que Kfar HaHoresh foi um importante centro de culto naquela era remota.







Emmet afirma que as escavações arqueológicas na vizinhança das atuais Basílica da Anunciaão e Igreja de São José revelaram pedaços de cerâmica da Idade do Bronze (2200 a 1500 a.C.) e artefatos, silos e moinhos da Idade do Ferro (1500 a 586 a.C.). Entretanto, escavações conduzidas antes de 1931 na área venerada pelos franciscanos não revelou "nenhum traço de colonização romana ou grega" ali, e, de acordo com estudos feitos entre 1955 e 1990, nenhuma evidência arqueológica dos períodos assírio, babilônio, persa, helênico ou do início do período romano foi encontrada.

Bagatti, o principal arqueólogo nos sítios venerados em Nazaré, desenterrou grandes quantidades de artefatos do final do período romano e do período bizantino, o que assegura a indiscutível presença humana ali do século II em diante.
Emmet também afirma que "casas e sepulturas feitas de pedra construídas sobre cavernas, naturais ou escavadas na rocha, também foram encontradas, e que datariam da era romana (63 a.C. - 324 d.C.)." No entanto, a afirmação costumeira de que os Nazarenos eram trogloditas (ou seja, viviam em cavernas) é impossível, pois "as cavernas da Galiléia são úmidas e molhadas de dezembro a maio, e só poderiam ser usadas durante o verão e o outono."

Finalmente, Emmet afirma que "Sob o espectro dos dados arqueológicos, especula-se que os primeiros habitantes de Nazaré possam ter sido os cananeus, depois os israelitas e judeus da Galiléia." De fato, os habitantes da região na Idade do Bronze devem ter sido cananeus, mas a falta de evidência arqueológica mostra que a presença israelita na bacia ainda não foi substanciada.

James Strange, um arqueólogo americano, ressalta que “Nazaré não é mencionada nas fontes antigas judaicas antes do século III. Isto provavelmente reflete a sua falta de proeminência tanto na Galiléia como na Judéia.” Strange primeiro estimou a população de Nazaré na época de Cristo como de “aproximadamente 1.600 a 2.000 pessoas”, e, numa publicação subsequente, em um máximo de 480 pessoas.

Alguns historiadores sugeriram que a ausência de referências textuais a Nazaré no Velho Testamento e no Talmude, assim como nas obras de Josefo, sugeririam que uma cidade chamada 'Nazaré' nem mesmo existia nos dias de Jesus.

Muitos autores supõem que a antiga Nazaré foi construída em uma encosta, como era exigido pelas escrituras: "[E levaram Jesus] ao topo do monte no qual a cidade fôra construída, para que o pudessem arremessar para baixo" (Lucas 4:29). O monte em questão, no entanto, o Nebi Sa'in, é muito íngreme para as antigas moradias. Bagatti mostrou, no entanto, que esta área foi claramente usada para tumbas e trabalhos de agricultura nas Idades do Bronze e do Ferro, assim como na segunda metade da ocupação romana.

Na metade dos anos 90, um lojista chamado Elias Shama descobriu túneis sob sua loja, próxima ao Poço de Maria em Nazaré. Os túneis foram identificados como sendo o hipocausto de uma terma. O sítio ao redor foi escavado nos anos de 1997 e 98 por Y. Alexandre, e os restos arqueológicos expostos foram estabelecidos como datando dos períodos dos romanos, cruzados, mamelucos e otomanos.

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