Iniciou-se pela tarde o conclave de 115 cardeais para a escolha do "266º papa." Temos sido literalmente bombardeados com a ideia transmitida pelos ignorantes da media e manipulada pelo Vaticano de que se vai escolher o "sucessor de S. Pedro", ou aquele que se vai sentar na "cadeira ou trono de S. Pedro" e outros disparates afim.
Tal como acontecia com Hitler, "uma mentira contada muitas vezes passa por ser verdade."
Não que a verdade precise de ser defendida, mas precisa de ser pelo menos proclamada!
Pergunta o meu paciente leitor(a): e o que é que a eleição do chefe do Vaticano tem a ver com Israel? Ou o que é que essa questão de quem foi o primeiro papa?
A minha resposta é simples: tem tudo a ver. Primeiro, porque o papa é um chefe religioso, mas mais ainda um líder político de grande influência mundial. Daí a preocupação dos últimos chefes do Vaticano em visitarem Israel, tentando demonstrar uma amizade para com o povo judeu, numa rota incontornável de papel de falso profeta, tão importante para suporte do Anticristo. Em suma, não tenho dúvidas de que o próximo homem a sentar-se como líder do Vaticano continuará a desempenhar um papel de aproximação aos judeus e aos muçulmanos. É um caminho inevitável.
Mas, em segundo lugar, é importante que separemos o "aproveitamento católico romano" da figura do grande líder na Igreja em Jerusalém que foi Pedro, da absurda afirmação de que ele foi o "primeiro papa", ou seja: "pai da Igreja".
Alguns argumentos bastarão para derrubar por completo esta mentira que a Igreja Católica Romana tem andado a propagar há séculos:
1º - NÃO HÁ QUALQUER REGISTO BÍBLICO DE QUE PEDRO TENHA ESTADO EM ROMA
Percorrendo todo o Novo Testamento, nunca encontraremos qualquer alusão a Pedro ter estado ou até de pensar estar em Roma. O apóstolo Paulo, esse sim, esteve em Roma nos últimos anos da sua vida, sabendo-se por certo que ali foi preso e degolado. Nas suas cartas escritas de Roma, Paulo menciona vários irmãos e irmãs, companheiros de ministério e até de prisão, mas nunca menciona Pedro (Colossenses 4:7-14; 2 Timóteo 4:9-12, 21). Quando Paulo escreve aos cristãos romanos, menciona o nome de mais de 28 crentes, mas nunca Pedro (Romanos 16).
O grande "historiador" da História inicial da Igreja cristã, o evangelista Lucas, certamente amigo de Pedro, menciona a presença deste em várias localidades, como Jerusalém (Actos 8:1), Samaria (Actos 8:25), Lida (Actos 9:32), Cesaréia (Actos 10:1), Jope (Actos 10:5), Antioquia (Gálatas 2:11), e outros, mas nunca em Roma!
Se como os católicos romanos afirmam, Pedro tivesse sido bispo em Roma durante 25 anos, como seria possível Lucas jamais mencionar isso na História da Igreja, para não falar do apóstolo Paulo nas suas cartas?
2º - PEDRO NUNCA FOI O "FUNDAMENTO" OU "PAI" DA IGREJA - NEM ACEITOU TAL TÍTULO OU POSIÇÃO
A Bíblia é bem clara que o fundamento da Igreja é Cristo, e só Ele! "Ninguém pode lançar outro fundamento além do que já foi posto, o qual é Cristo Jesus" (1 Coríntios 3:11).
Pedro foi um importante líder na Igreja em Jerusalém, mas não era mais importante do que João e Tiago, também considerados "colunas" na Igreja (Gálatas 2:9). Portanto a ideia católica romana da supremacia de Pedro sobre os demais é completamente errada.
Fontes extra-bíblicas posteriores ao 3º século indicam que Pedro poderá ter ido a Roma nos últimos dias da sua vida, tendo depois sido crucificado. Ainda que tal tenha acontecido, isso não tem nada a ver com a ideia de ele ter sido bispo de Roma durante 25 anos.
Segundo a maior "autoridade" na História da Igreja primitiva, Eusébio, Pedro no final da sua vida terá chegado a Roma, sendo aí crucificado de cabeça para baixo: "Pedro, segundo parece, pregou no Ponto, na Galácia e na Bitínia, na Capadócia e na Ásia, aos judeus da diáspora; por fim chegou a Roma e foi crucificado com a cabeça para baixo, como ele mesmo pediu para sofrer." (História Eclesiástica, Livro III, 1:2).
Outro respeitado "pai" da Igreja, o teólogo Orígenes, também escreve: "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo."
Lactâncio (240 - 320 d.C.) escreveu também o seguinte, confirmando os relatos de Eusébio e Orígenes: "Seus apóstolos eram nesse tempo em número de onze, os quais agregaram Matias, no lugar de Judas o traidor, e em seguida Paulo. Depois se dispersaram através de toda a terra pregando o Evangelho, como o Senhor e Mestre lhes havia ordenado; durante 25 anos até ao início do reino do imperador Nero, eles se ocuparam em assentar as bases da Igreja em cada província e cidade. E enquanto Nero reinava, o apóstolo Pedro veio a Roma." (Carta a Donatus - A maneira pela qual os os perseguidores morreram, cap. II).
Sabe-se que Nero começou a reinar em Roma em 54 d.C., reinando até ao ano 68. O ano provável da morte de Pedro foi 67 d.C., pelo que tendo sido bispo em Antioquia, nunca poderia ter sido bispo de Roma durante 25 anos.
Tertuliano, outro reconhecido "pai" da Igreja, também apoia esta tese: "Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro, então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na cruz." (Scorp., cap. 15).
4º- AS ALUSÕES DOS "PAIS DA IGREJA" A PEDRO COMO BISPO LIGAM-NO A ANTIOQUIA E NUNCA A ROMA
O credível historiador da Igreja Eusébio, ele próprio um dos "pais" da Igreja refere-se ao episcopado de Pedro em Antioquia e não em Jerusalém: "Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da Igreja de Hierápolis, e Inácio, o homem mais célebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia." (História Eclesiástica, Livro III, 36:2).
5º - O PRIMEIRO BISPO EM ROMA FOI LINO, E NÃO PEDRO
Segundo o historiador da Igreja Eusébio, Lino foi o primeiro bispo na Igreja em Roma: "Depois do martírio de Paulo e de Pedro, Lino foi designado como primeiro bispo de Roma. Ele é mencionado por Paulo quando escreve de Roma a Timóteo, na despedida ao final da carta." (História Eclesiástica, Livro III, 2:1).
Se Paulo foi o primeiro apóstolo a chegar a Roma (em 61-62 d.C.), e não foi bispo de Roma, muito menos "papa", Pedro, que terá chegado depois dele e foi martirizado nunca o poderia ser.
Segundo a História Eclesiástica de Eusébio - obra clássica que todos aceitam como fidedigna - o primeiro bispo de Roma foi Lino, o segundo foi Anacleto, e o terceiro foi Clemente (mencionado por Paulo): "Paulo também atesta que Clemente - instituído terceiro bispo da Igreja de Roma - foi seu colaborador e companheiro de luta." (H.E., Livro III, 4:9).
6º - PEDRO NUNCA ACEITOU SER SUPERIOR AOS DEMAIS APÓSTOLOS
Pedro nunca imaginou, muito menos aceitaria ser chamado de "papa", ou seja, pai da Igreja. Pelo contrário, aquele a quem Jesus denunciou como sendo "homem de pequena fé", e "pedra de tropeço", nunca de sobrepôs aos demais líderes na Igreja do seu tempo (Tiago e João). Entre muitos casos relatados em Actos dos Apóstolos, o mais evidente será o próprio primeiro concílio da Igreja, em Jerusalém, em que Pedro não teve qualquer primazia, mas, pelo contrário é referido que a decisão do concílio foi tomada pelos "apóstolos, anciãos e toda a Igreja" (15:22).
Quando ele se apresenta nas suas cartas às Igrejas, ele apenas se identifica como "apóstolo" (1 Pedro 1:1) e como "servo" (2 Pedro 1:1), tal como os demais apóstolos fizeram, nada acima disso. Ele considera-se "presbítero entre presbíteros" (1 Pedro 5:1).
7º - PEDRO DECLAROU QUE O FUNDAMENTO DA IGREJA - A "PEDRA" - É CRISTO
Na sua carta, ele indica claramente Cristo, e não ele, como a "pedra viva" sobre a qual a Igreja está assentada. Pelas Escrituras entendemos que o único e verdadeiro "Sumo Pontífice" é Jesus, pois só Ele é o sumo e perfeito sacerdote, exercendo um "sacerdócio permanente". O próprio Pedro escreve que Jesus é o "Sumo Pastor".
A Igreja Católica Romana tem tentado distorcer a verdade bíblica e a realidade histórica de forma a promover o "papado" e a proeminência de Roma, dessa forma violando os desígnios de Deus e falhando completamente no conceito do que é a verdadeira Igreja e sua liderança.
Só no século IV é que a Igreja em Roma começou a "exigir" primazia sobre as demais, dando origem ao "papado". Devemos no entanto lembrar que nessa altura já a Igreja se encontrava completamente dominada pela lutas de poder e pela política. Já era uma "igreja" em rota desviante da verdadeira fundada por Jesus e sobre a qual Pedro, Tiago, João, Paulo e os demais apóstolos foram edificados.
Shalom!
fonte: Shalom Israel
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