quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
"A mulher que ungiu Jesus em casa de Simão, seria Maria, irmã de Lázaro?"
A passagem em João 11:12 dá a ideia de um acontecimento anterior (Mt 26:6-13; Mc 14:3-9; Lc 7:37), nos moldes em que é contado no capítulo 12, versículo 3, com igual reação dos discípulos e também igual ao comentário de Jesus, o que deixa transparecer que o fato é o mesmo e as mesmas as pessoas, sendo apenas uma recapitulação. Pela ordem natural, podemos inferir que depois do jantar em casa de Simão o (que fora) leproso (Espada Cortante, O. S. Boyer, pg. 783), Jesus se tornou amigo da família, por meio de Maria, sendo depois recebido muitas vezes nessa casa: Lc 10:38. Numa dessas vezes, Lucas estabelece (v.40) a intimidade que se vê em João 11:5.
Os detalhes da murmuração dos discípulos em Mateus e Marcos, que em João é atribuída somente a Judas, não aparecem em Lucas, bem como o diálogo entre Jesus e Simão, narrado por Lucas, não aparece nas demais narrativas, mas nada impede que tenham acontecido na mesma ocasião. É de se esperar que fatos narrados 20 ou 30 anos depois de acontecidos possam ter tido algumas omissões por esquecimento, sem que isso invalide a sua inspiração e até mesmo que assim sucedeu por força dessa inspiração divina, para que o observador atento pudesse tirar delas as lições de que viesse a precisar.
Há, porém, quem advogue a possibilidade de terem ocorrido até três casos em que Jesus seria ungido por mulheres diferentes, mas as coincidências não reforçam a afirmação. Nossa opinião é a mesma do Novo Dicionário da Bíblia de Douglas, pág.1.007, de que a mulher que ungiu a Jesus em casa de Simão foi Maria, irmã de Marta e de Lázaro e que o próprio Simão tinha parentesco com os três. "Mateus, Marcos e João concordam em que o Senhor Jesus foi ungido em Betânia e Mateus e Marcos especificam que isso aconteceu em casa de Simão" (Douglas). Quanto ao pejorativo "hamartoulos" - pecadora, que Lucas insere, não é obrigatório julgar-se que Maria - a Maria piedosa de Betânia - fosse uma mulher de moral duvidosa, como alguns comentaristas sugerem, mas que ela, em presença de Jesus, sentira as suas próprias carências e buscara abrigo na honraria que achou por bem fazer-lhe.
Mesmo porque não se admite que a honradez encontrada em Marta e Lázaro, a ponto de Jesus chegar a amá-los e a comover-se diante do fato fúnebre que os envolveu, encontrasse tolerância numa atitude menos conveniente da parte da irmã sob o mesmo teto.
fonte: ouça a palavra do senhor
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