Era muito difícil a posição da mulher na cultura judaica do primeiro século.
A mulher judia, mesmo que pertencesse a uma família rica, estava situada em um patamar inferior na sociedade.
As mulheres e os não circuncidados, não podiam participar do templo. Estavam fora do contexto religioso mais importante do judaísmo.
Um bom judeu, cuidadoso da lei e dos profetas, deveria começar o dia recitando três bençãos diárias, que constavam no Talmud da Babilônia, presentes no Tratado "Menachot". Abaixo, leia um trecho de uma dessas citações.
"Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo que não me fizeste mulher". Tratado Menachot.
O Papel das Mulheres no Primeiro Século
Os estudiosos do Talmud, interpretavam o texto "Toda a glória da filha do rei na sua casa" (Salmo 45:14), sob a óptica de que uma mulher de honra, deveria estar sempre em sua casa, cuidando do lar e de sua função de ter filhos.
A mulher deveria se dedicar quase que exclusivamente ao marido. Era considerada como incapaz de se ocupar com tarefas sérias ou importantes.
Elas pertenciam a seus maridos e a seus filhos. Assim a mulher passava de objeto de posse dos pais, para o marido e filhos.
Subjugada e subestimada. Por pouca coisa, uma mulher poderia ser repudiada.
Jesus e a Mulher Adúltera
A Mulher Adúltera é conduzida até Jesus
"E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando". João 8:3-4
Assim, neste fato narrado no livro de João 8, vemos que somente a mulher adúltera é trazida ao mestre, para ser julgada. Desta forma, os fariseus começaram a sua hipócrita e machista tentativa de induzir Jesus ao erro. A lei exigia que o casal adúltero fosse apresentado. Onde estava o homem que com ela cometeu tal pecado?
"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera." Levítico 20:10
Jesus sabia que para aquela geração corrupta, a vida daquela mulher não tinha valor algum. Ninguém se importava com as condições que a levaram àquele pecado. O que faria com que uma mulher, sabendo que a pena capital de morte seria aplicada, em caso de ser pega em flagrante adultério e, ainda assim, cometesse tal ato?
Promessas e Abandono
O medo do repúdio e do estigma, assombravam as mulheres do primeiro século. Era um certificado de péssima esposa. Qual homem, decente, com posses e considerado casaria com uma repudiada?
O repúdio, para a mulher, mesmo que legalizado, era quase que ser "jogada no vento". Assim alguns homens judeus da época, usavam e consumiam a juventude de suas mulheres. Quando já não suportavam mais, repudiavam-na por qualquer motivo e procuravam outra mulher mais nova.
Por isso, mesmo com amargura no olhar e sofrimento no rosto, o medo fazia com que uma mulher desprezada por seu marido, já sem receber a devida atenção e carinho, continuasse a suportar o casamento.
Ninguém sabe quais foram as promessas que o homem adúltero fez para aquela mulher. Muitas vezes palavras doces e bonitas, tudo que não ouvia em casa, carinho, atenção e cuidado que seu marido já não mais a dedicava.
O coração falou mais forte, entregou-se ao que parecia uma paixão, enganou-se num amor que nunca tinha vivido de verdade.
E ali ela estava diante de Jesus. Abandonada, envergonhada, desiludida, enganada e xingada por todos aqueles homens insensíveis, próxima da morte. Vítima da vida. Quanta incompreensão.
A Mulher Adúltera. Vai e Não Peques Mais
O Amor de Deus Perdoa
O grande mestre que tudo discernia, abaixou-se a escrever no solo, dando tempo para que aqueles homens refletissem suas atitudes. Jesus estava dando tempo para que eles examinassem suas consciências primeiro.
"Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra." João 8:6
Um cego não pode guiar outro cego. Quantas vezes aqueles homens tinham desejado a mulher do próximo. Quantos adúlteros não estavam entre eles?
"Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." Mateus 5:28
"E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." João 8:7
Que grande ensinamento! Aquela mulher pôde experimentar do grande amor de Cristo. Em sua íntima compaixão, Deus se importa com cada detalhe de nossas vidas. Ele sabe as dificuldades que cada um de nós enfrentamos. Inclusive na área sentimental.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? João 8:10
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. João 8:11
Esta era a graça de Deus derramada por seu filho Jesus. Perdão sem cobrar nada por isso. Prova que Deus conhece e entende as dificuldades humanas.
Todos somos iguais. Todos pecaram, porém alguns insistem em pensar que são mais santos ou melhores que outros. Jesus nos ensina que devemos amar a todos. E perdoar. Se acharmos alguém em dificuldade espiritual, não devemos condená-lo. Devemos experimentar a força do perdão, com união e simplicidade de coração. Deus abençoe!
fonte: Rudecruz
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